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Sou professora da SEDF e escritora também...comecei a escrever por acaso, e como trabalho em um ambiente mágico e ladeada por crianças, despertou em mim, uma vontade imensa em escrever e contar poesias e histórias para elas.Desenvolvo um projeto de leitura na biblioteca para incentivar a leitura, inclusive de poesias. A Poesia de Liquidificador consiste em um método descoberto e inventado por mim para ensinar e estimular os alunos a criarem suas próprias poesias. Lendo a receita da poesia de liquidificador, a imaginação é estimulada!Surge cada poesia, como se fosse uma receita de bolo da vovó! Uma delícia de se ler! Bom apetite! Ou seja, boa leitura! Obrigada por ler e incentivar a leitura! Um beijinho com cheirinho de chiclete! Flávia de Moraes.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

"FRAGMENTO DE VIDA REAL"- POR BENJAMIM PEREIRA VILELA


O vento soprava minhas costas. Trazia o cheiro do araticum. E vários barulhos que me amedrontavam. O andado dos bichos ficavam nítidos. O cantar dos pássaros parecia um miado de onça. Tudo parecia tão negro, tão medonho. A noite estava escura, não se via nenhuma estrela, nem tampouco sinal de lua. O meu pensamento estava carregado de figuras imaginarias: pé-de-garrafa; pai-do-mato; onça etc.

Tudo que carregávamos era uma lanterna velha e uma binga de pedra. Minha preocupação aumentava, quando o vento resolvia dar aquelas lapadas que me faziam arrepiar. Cada vez mais eu ia me retraindo e o medo me devorando. O meu caminhar ficou vagaroso.

Minha Mãe e minhas Irmãs seguiam um pouco a frente. As folhas de buriti faziam um barulho infernal. O cascalho da estrada entrava nos vãos dos dedos dos meus pés. A caminhada era longa e não podíamos reclamar.

Aquela estrada dava num capão de mato, próximo ao sopé do morro Azul, más teríamos que virar num trieiro no meio do mato. Minha casa ficava no vale do Córrego Sussuapara e para chegar até lá pela estrada teríamos que andar duas horas a mais. O trieiro era a melhor alternativa. E também a mais arriscada. Minha Mãe sempre nos advertia para termos cuidado, olhar para o chão, pois cobras, aranhas venenosas, escorpiões, formigas cabo-verde poderiam nos picar. Más naquele momento não tínhamos a menor condição de olhar, pois a escuridão era a dona da noite.

A lanterna parou de funcionar na metade do caminho, só nos restava a binga de pedra. Parece que ausência da luz me deixou mais tenso. Tropiquei várias vezes. Minha Mãe parou e perguntou: "- O que tá aconteceno menino?". Eu disse que nada. Más tinha arrancado o couro do dedão de um dos pés. Estava sentindo uma mistura de dor, medo e angústia. Aquele trajeto parecia interminável.

Naquele dia nós havíamos saído de casa cedo, meu Pai ficou tirando o leite. Fomos a cidade visitar minha avó paterna que estava adoentada. Caminhamos duas léguas e meia até a cidade em aproximadamente duas horas e meia. Não passou nenhuma alma viva na estrada para nos dar carona. A volta foi mais complicada pois deu uma chuva fora época e uma ventania de assustar. Por isso só saímos a tardizinha para casa. A noite logo chegou.

Na baixada já no fim do mato, num local em que o trieiro desembocava no pasto, avistei um vulto, que me deixou mais assutado ainda. Me deu vontade correr. As lágrimas verteram no meu rosto, más o choro não saiu. Minha irmã deu um berro. Neste momento ouvi um latido e uma voz "estou preocupado", era o meu Pai que vinha em nosso encontro. Acalmei, fiquei tranqüilo. Na minha memória, parece que as trevas daquela noite desapareceram.

Meu Pai não era muito de abraçar, carinhar a gente. Más nos abraçou naquela noite.

Chegamos em casa. Fomos jantar a comida que meu Pai havia preparado. Sentei na beirada do fogão a lenha fiquei suspirando ali por um longo tempo.

Hoje fiquei pensando um pouco...a dificuldade e a labuta que enfrentávamos lá na Roça. Era tudo complicado. Más ao mesmo tempo, parece que era tão bom. Tenho saudades de tudo aquilo.

As vezes fico pensando...a saudade parece ser adocicada, nos leva para realidades fantásticas.

FIM

Texto escrito no final de ano de 2009 para os amigos, trata-se de um fragmento de uma vida...real...por: BENJAMIM PEREIRA VILELA

Benjamim é meu primo e mora em Goiânia...esse texto foi recebido por correio eletrônico e autorizado por ele aqui a sua publicação.....

BOA LEITURA A TODOS!!!!!!!!!!!!!



Um comentário:

Chiclete agradece seu comentário!! Valeu.........